Nos últimos tempos, houve um crescimento do uso da cannabis medicinal para o tratamento de TEA (Transtorno de Espectro Autista). O remédio tem se destacado como uma ajuda para amenizar os sintomas sem tantos efeitos colaterais como os medicamentos tradicionais.

Mas será que a cannabis realmente ajuda pacientes com autismo? Há evidências que comprovem que o CBD (canabidiol) realmente funciona?

Para falar sobre isso, conversamos com o pediatra e professor da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Ronaldo José de Oliveira Correa, que nos ajudou a entender melhor como funciona este tratamento. 

O médico explica que há remédios mais comuns para tratar os sintomas, como o Risperidona. A cannabis é usada quando o paciente não tem melhoras consideráveis ou não se adapta aos remédios convencionais.

“Há pacientes que têm muitos efeitos adversos, como sonolência, crescimento das mamas e às vezes transtornos gastrointestinais que impedem a continuidade(dos remédios comuns). Nesses casos, o CBD pode ser uma ótima opção”, exemplifica.

Perfil dos pacientes que usam Canabidiol

O Dr. Ronaldo ainda acrescenta que há um “perfil” de pacientes que utilizam o CBD. Geralmente são crianças que costumam se colocar em risco ou eventualmente ter comportamentos que podem prejudicar a qualidade de vida não só deles, mas também da família. 

Também pacientes mais agitados, crianças com déficit de atenção, com problemas para dormir  e que têm dificuldades de comunicação. “Estes são justamente os quatro sintomas que a gente consegue ver uma melhora maior. Tanto na literatura quanto na prática”, acrescenta.

Há evidências científicas sobre o uso do CBD no autismo?

O médico destaca que o CBD ainda não é a primeira opção, mas só é usado quando outros tratamentos não funcionam. Isso acontece porque há mais evidências robustas com remédios tradicionais do que com a cannabis. 

Mas isso não quer dizer que não há estudos sobre o tratamento do TEA com o CBD. Na verdade, há uma quantidade considerável de pesquisas que mostram os benefícios da cannabis para os sintomas mencionados.

Como por exemplo, um artigo publicado na revista científica Nature. No estudo, 188 pacientes de TEA foram tratados com a cannabis medicinal por dois anos (2015-2017). Os resultados foram uma melhora dos sintomas em mais de 80% dos pacientes. 

“Todos os estudos que eu analisei, chegam a mais ou menos a mesma conclusão. Aproximadamente, 60% a 70% dos pacientes apresentam melhoras em pelo menos um dos critérios que foram avaliados no estudo”, acrescenta.

As pesquisas realizadas até agora, ainda mostram poucos ou nenhum efeito colateral. Por outro lado, ainda são menores, ou seja, não são tão elaboradas com um padrão farmacêutico como deveriam ser. 

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